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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sina

Então olhou para dentro de si. Pode enxergar um passado repleto de mesmas histórias. Cada uma ao seu jeito, cada uma a sua luz, cada uma ao seu tempo – mas sempre com o seu início e o seu fim pré-destinado.

É como se vivesse a mesma vida dentre tantas que já vivera. Por que no fim; no fim é que sente o peso de ser quem é; de sentir o que sente; de sentir o que provocara. Como todo ciclo, a roda viva a levara, mais uma vez, para um beco ainda mais escuro e, desta vez, sem saída!

Do final, sabe todas as falas. Mas ainda assim optou por viver o tempo que lhe restara. Por que acredita que um momento pode valer uma vida inteira. E que, senão aqui, doutro canto da memória emotiva poderá respirar novamente a vida que passara.

Nascera com a culpa de ser quem é. A tão somente culpa sua. Por mais que o dia da sentença tenda a chegar, como ladra da noite, roubara-lhe o tempo que restava para degustar o doce veneno da liberdade. Mas o que é a liberdade senão uma prisão sugerida?

Das prisões que escolhera viver, desta última em essência, até que morte em não vida a liberte. Do presente que, num suspiro, está passado, ainda cuida da fagulha de luz que lhe restara para manter acesa, ainda que coberta por breu, a luz da magia.

Se da magia nascera, da magia morrerá. Se da vida viera, da vida morrerá. Se da sina respira, da sina sufocará. Então olhou para dentro de si e, por hora, enxergara folhas vazias, cujas palavras dissolviam-se em rios de sentimentalidades.

Das palavras, sabe todas as histórias. Mas ainda prefere escrevê-las a viver uma vida sem poesia, sem rima, fadada ao fim sem começo. Que haja, em clichê, o começo, o meio e o fim, porque mais triste que um conto sem final feliz, é a angústia de uma vida sem prosa para se contar o fim.

Sina. Das vidas que passara, apenas uma, contraditório, lhe matara. Das histórias que escrevera, apenas o fim, desta última, lhe negara. Das magias que encantara, a de essência, por hora, lhe recusara. De todas que amara, só uma, que rude vivera, lhe roubara.

Então olhou para dentro de si... era como pluma ao vento, a mercê da boa vontade que, um dia, a sua alma beijara e, de presente, lhe entregara! De passado, o futuro aguardara...

Da última fala, que nunca dita; do último beijo, que nunca dado; do último abraço, que nunca envolvido; jaz em vida quem, um dia, nunca morrera. Do final, enfim!

7 comentários:

Thiago disse...

futuro, final?

DanyiMarques disse...

Presente, final!

Jaya Magalhães disse...

As minhas palavras são como músicas, dona? E essas que eu li aqui? Tocou igual. Como a gente faz agora?

Dança. (:

Beijo.

DanyiMarques disse...

Sigamos em dança, então...

De mãos dadas, tocadas!

Outro beijo!

Anônimo disse...

Plumas lançadas ao vento, folhas secas lançadas ao rio... Sina! O que nos intriga tanto? Não acredito em ciclos, nem em começo, meio e fim, mas adorei o texto. Assim como não acredito em folhas vazias ou escritas. Creio que somos a pena/caneta/lápis/lapiseira/teclado, e não as folhas, o livro em branco, de capa preta e dura. Enfim... Quantas almas tens aí? Ou melhor, quantas vidas, tua alma? E quão profundas! Lindo. Muito lindo. Saudades de ti! Que a vida me permita sermos irmãos, ou quaisquer coisas mais próximas em alguma outra vida, poxa... Junto-me euforicamente à dança!

Anônimo disse...

Beijos!

Sconosciuto

DanyiMarques disse...

Sou tantas e não me contenho...

Quanto a proximidade, basta a nós darmos um jeito! Ao menos, já seguimos no mesmo compasso!

Beijos!