Não quero a sorte de um sonhador. Prefiro a audácia do imaginador. O primeiro se limita aos imprevistos da inconsciência. Já quem imagina, liberta-se no trunfo das possibilidades. Executa o ato de projetar, de perceber e de guiar. Já o sonhador executa o ato de destinar-se. A mente inconstante o destina a apenas vislumbrar e, raramente, o faz sentir. Apenas quando está bondosa, então se sente. Geralmente ela é voraz e faz do sonhador joguete do destino, arrancado-lhe o sopro do real com um leve despertar. Pensando bem, o ato de sonhar lembra um pouco a vida. Por vezes no seu âmago, basta um simples suspirar para já se acordar. Assim é a vida. Por vezes destemida, basta a quem vive tropicar para ela o deixar. Mas também, quem mandou desacordar para imaginar? Todo amanhecer é um pouco morte para quem sonha. Gosto mesmo é de imaginar. Imaginando, posso até suspirar e nem sequer despertar. Ao contrário, o suspiro vira alimento daquele que imagina. Outra vantagem, não se precisa dormir e nem esperar. Basta projetar, perceber e deixar-se guiar. O imaginar também permite a quem imagina o sentir. Porque a minha vantagem mesmo é ser feita de carne e osso, pele e sangue. O osso para o sustento da carne que, ao toque da pele, faz o sangue irrigar por dentre as veias o doce veneno da volúpia! Os sonhos, deixo para os sonhadores. O que me atrai é o delírio de uma carne bem quente, bem real, a adentrar minhas entranhas cuja alma já está esgotada
2 comentários:
Uau! Não conhecia esse teu lado!
Parabéns!
Obrigada, Appel!
Anseio por suas críticas, hã!
Um beijo!
Postar um comentário