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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Devaneio inaugural

Hoje, se eu pensar neste momento que escrevo! Mas já ontem, se levar em consideração este instante que publico tal comentário! E como é difícil tratar o tempo ‘agora’ como já ‘ontem’ quando ainda não o é ou, então, como compreender que exatamente este segundo, que acabei de escrever esta palavra – esta mesmo -- já é futuro!

“Dai-me luz/Oh, Deus do Tempo!”, cantou Los Hermanos. Por que essa luz realmente é necessária quando alguém deseja refletir acerca disso que proponho agora, ou propus ontem! Sei lá! Parece-me que esse Deus da Luz resolveu abandonar-me, ou sequer olhou para mim!

Orio, da Marisa Monte [Ahh, Marisa, como queria que sua voz fosse minha, não somente o digo por sua afinação e timbre aveludado mas, principalmente, pelo fato de poder passar mensagens das quais acredita para um número significativo de pessoas] é o que ouço agora, ou ouvia, ininterrupdamente quando as letras aqui digitadas agruvinhavam-se uma a uma criando forma e sentido.

A princípio, por falta de ter com quem confabular desejos, às 22h15 do dia 26/4 (o único desta existência e, por isso, tentei e ainda tento vivê-lo intensamente), resolvi conversar com esta folha intateável, somente possível na telinha do meu "personal computer” [a não ser que eu decida imprimi-la, mas eu não decidirei isso].

Tive, então, a idéia de um programa de rádio cultural que seria veiculado por uma estação comunitária. Daí, veio o impulso de escrever um projeto para poder levá-lo para um monte de gente! Depois, como assistia a Ensaios da TV Cultura com Cristina Buarque ao mesmo tempo que limpava os borrocos de esmalte que fiz nos dedos da mão e do pé e escrevia mensagens de texto do meu celular para o celular do moço meu, mudei de idéia.

Zapeando os canais da tv aberta, no programa ídolos ouvi um japonês cantando o trecho de uma música que senti falta de ouvir, era mais ou menos assim: me cansei de ficar mudo/sem tentar sem falar/mas não posso deixar tudo como está/como está você?! Então vim ouvi-la, acabei ouvindo Marisa e, agora (22h27) finalmente a ouço na voz de Gil de Lucena. (Vem pro meus braços meu amor meu acalanto...não deixe nada pra depois).

Ahh, o tempo! Sempre presente, ora passado ora futuro! Que futuro? O futuro não existe, me disseram uma vez, não sei quando e nem quem, e até acreditei nisso mas, se pararmos para refletir na minúcia, será que o presente na verdade não é uma fração de segundo muito mais rápida do que o tempo que o cérebro age sobre nosso corpo? Então, reflito de novo: o agora logo depois de ter sido vivido já não é um passado substancialmente projetado num futuro? E, na verdade, é o presente que deixa, agora, de existir? Ah. Doce melancolia!

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